Exportar ainda continua a ser um trâmite complexo para as empresas brasileiras – principalmente para as micro, pequenas e médias.
Mas um caminho para ampliar o foco dos negócios e apresentar seus produtos para compradores do mundo todo pode ser a participação em feiras multissetoriais.
Principalmente se essa feira for localizada na China, país em que o crescimento do comércio bate nos 6,9% - e um setor cuja participação no PIB local está acima de 50% há pelo menos dez meses consecutivos, segundo Yu Yong, cônsul comercial do Consulado da República Popular da China em São Paulo.
De olho nesse mercado, um dos mais pujantes do mundo, a São Paulo Chamber of Commerce, braço de comércio exterior da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), em parceria com a China Trade Center, promoveu nesta segunda-feira (21/08) o seminário “Oportunidade de Negócios – Feira de Cantão”.
A “Canton Fair”, que está em sua 122ª edição, será realizada entre 15 de outubro a 04 de novembro na província de mesmo nome, localizada ao Sul da China.
Realizada desde 1957, a feira gera em torno de US$ 30 bilhões em negócios a cada edição – são duas por ano, realizadas na primavera e no outono chineses, em abril e outubro.
Outros números também chamam a atenção: o evento reúne mais de 24 mil expositores em 60 mil estandes, e 200 mil compradores de 210 países.
Li Jinqi, presidente do evento chinês, lembrou que a feira, antes destinada apenas à exportação, passou a ser considerada uma "vitrine de negócios internacionais" a partir de 2007, quando finalmente abriu espaço a expositores de outros países – o que puxou também o desenvolvimento do e-commerce, hoje responsável por 47,9% das exportações, de acordo com dados de uma pesquisa sobre volume de negócios realizada junto aos participantes do evento.
Essa característica se intensificou mais ainda a partir de 2014, quando a feira ganhou uma fanpage no Facebook. “Ela se tornou um centro de promoção de produtos do mundo inteiro”, afirmou Gilberto Kfouri, conselheiro da São Paulo Chamber, citando o presidente da ACSP, Alencar Burti, que não pôde estar presente ao seminário.
A ideia de atrair empresas brasileiras para participar da Feira de Cantão é incentivar o intercâmbio entre Brasil-China, uma relação bilateral de 43 anos que movimenta US$ 60 bilhões em negócios anuais, segundo estatísticas oficiais brasileiras.
Até julho passado, houve um acréscimo de 25,3% em negócios entre os dois países – ou US$ 40 bilhões em investimentos que China trouxe para o Brasil, segundo o cônsul Yu Yong.
A iniciativa serve também para tentar mudar a imagem que muitas empresas brasileiras ainda mantêm sobre como fazer negócios com a China: hoje, o país conta com uma legislação de negócios atualizada, e atualmente integra a OMC (Organização Mundial do Comércio).
“Quando elas nos procuram e querem negociar direto com os fabricantes, e não por meio de trades, indicamos a feira: é nosso cartão de visitas para o mundo”, diz o cônsul.
O evento oferece ainda serviços de consultoria, fóruns e rodadas de negócio pré, durante e pós feira, além de contar com serviço de informações e câmara de arbitragem e incentivo à inovação, com 522 expositores da área de design.
Com o slogan “inteligência e sustentabilidade”, a feira tem como objetivo atrair expositores qualificados, com produtos de alta tecnologia e valor agregado, além de promover o respeito à propriedade intelectual, segundo Li Jinqi.
Mas ainda há as peculiaridades em fechar acordos comerciais com os chineses, que vão muito além da barreira cultural e do idioma: respeito à hierarquia, distância física, negociação sem pressa e... nada de pechinchar, segundo Heitor Fiorotto, da UCB Brasil, que desde 2008 organiza missões empresariais e viagens para o evento.
"O chinês gosta de um relacionamento comercial de longo prazo", diz. "Por isso, participar da feira é uma boa forma de entender como eles pensam e negociam", conclui.
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