O gerente geral da Tatou, marca argelina de roupas femininas, Nabil Nazouz, é um dos árabes que visitam a 39ª edição da Couromoda, feira do ramo de calçados, artigos esportivos e acessórios de couro, que começou nesta segunda-feira (16), em São Paulo.
Dos 20 mil pares que Nazouz importa do Brasil por ano, em média, 80% são femininos. Ele compra do País há seis anos e disse que os sapatos brasileiros ganham da concorrência em design e qualidade, mas custam mais caro do os chineses, turcos e indianos.
"Os sapatos brasileiros são mais atraentes e os empresários brasileiros são mais idôneos do que os chineses. Já tive problemas ao encomendar pares da China e não receber exatamente o que comprei", afirmou. Ele ressaltou, porém, que o real valorizado em relação ao dólar torna os calçados brasileiros caros e restritos a um determinado público na Argélia. "Se o dólar estivesse cotado a R$ 2,30, eu conseguiria substituir os calçados indianos pelos brasileiros", afirmou Nazouz.
Sauditas e importadores de Dubai que já são clientes de fabricantes brasileiros deverão passar pela feira nos próximos dias. Uma das empresas que pretende receber esses empresários é a Beira Rio. O gerente de exportação da companhia, Fabiano Pizzato, não revela quanto exporta para os árabes, mas afirma que a região tem potencial de crescimento dentro dos 5% da produção que a empresa envia para o exterior.
Segundo Fabiano, a "marca" Brasil ajuda a vender nos países árabes, além das próprias características do produto. "O clima daquela região é quente e nisso se assemelha ao do Brasil, o que nos ajuda. Os lojistas também precisam oferecer aos clientes produtos diferentes dos locais e a origem dos calçados acaba sendo um fator de atratividade. A imagem que o Brasil tem lá, de um país simpático, também se reflete no comércio", diz.
Quem tenta crescer em vendas para o mundo árabe em 2012 é a ViaUno. O gerente de exportação da companhia, Rodrigo Matos, afirmou que as manifestações populares e conflitos que atingiram a região em 2011 não derrubaram as vendas, mas impediram que elas crescessem. "Não deixamos de vender, mas a região também sofreu de uma crise de ânimo que chegou também aos consumidores", diz.
A empresa espera, agora, avançar na região e poderá ter novos parceiros em breve. As exportações respondem por 35% do faturamento da ViaUno, sendo que 10% é destinado ao Oriente Médio.
As vendas de calçados para o mundo árabe têm crescido e podem crescer em volume nos próximos anos não só para a ViaUno, como para todas as exportadoras.
O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Calçados (Abicalçados), Milton Cardoso, afirmou que há cinco anos as empresas brasileiras "não exportavam para mais do que 80 países" e que, atualmente, exportam para mais de 160. "Temos feito missões para aquela região e vemos o Oriente Médio como um mercado para o qual as exportações têm crescido", afirmou.
Em entrevista coletiva, Cardoso disse também que o comércio triangular realizado pela China lesa a indústria nacional. "Países que não tinham tradição na exportação de calçados passaram a enviar produtos para o Brasil." Esses países, segundo Cardoso, são utilizados pela China para exportar para o Brasil mais do que a quantidade permitida.
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