O Brasil está usando a estratégia de aparentar pouca preocupação com o anúncio feito na semana passada pelos Estados Unidos e União Europeia (UE) de que pretendem fechar, no prazo de dois anos, um amplo acordo de integração comercial, embora esse acordo possa trazersérios problemas para as negociações do Mercosul, o bloco comercial integrado por Brasil, Argentina, Uruguai, Venezuela e Paraguai (atualmente suspenso), com a mesma UE.
Depois de se reunir ontem à tarde, no Rio, com seu colega argentino Héctor Timerman, o ministro das Relações Exteriores brasileiro, Antonio Patriota, disse que ao contrário das negociações dos americanos com os europeus, "as negociações do Mercosul com a União Europeia estão relativamente avançadas".
Para Patriota, que já ordenou à equipe do Itamaraty o estudo das consequências de um eventual acordo Estados Unidos-União Europeia sobre as negociações do Mercosul com os europeus, embora "não seja uma questão que surgiu agora", o desejo de americanos e europeus ainda terá que passar por uma demorada fase de definição do "mandato negociador" (o objetivo que cada parte pode efetivamente negociar). Enquanto isso, mesmo as negociações do Mercosul com a UniãoEuropeia já se arrastando por mais de uma década, ele buscou demonstrar otimismo com a possibilidade de um avanço significativo ainda neste ano.
Segundo o ministro, em reunião paralela à Cúpula da América Latina, Caribe e Europa realizada em janeiro, em Santiago (Chile), o Mercosul e a União Europeia decidiram que até "não mais tarde do que o último trimestre de 2013" os dois blocos trocarão "ofertas" na busca de avançar rumo a um efetivo acordo.
"Tem que ser um acordo vantajoso para nossa região e aí a questão agrícola é essencial", disse o ministro brasileiro. A resistência dos europeus a abrir seus mercados aos produtos agrícolas dos países do Mercosul tem sido o maior obstáculo aos avanços das negociações entre os dois blocos, da mesma forma que o mesmo tema tem sido um dos maiores entraves a um amplo acordo no âmbito da Organização Mundial de Comércio (OMC) que vem sendo negociado na chamada Rodada de Doha desde 2001. E é também na questão do campo que o Mercosul espera ver esbarrarem as tratativas entre americanos e europeus.
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