Em novo e ambicioso esforço de integração regional, ministros do Mercosul e da Aliança do Pacífico reúnem-se hoje em Buenos Aires para abrir a negociação de um acordo entre os dois grupos. O presidente Mauricio Macri apontou esse acordo como um dos primeiros passos para revigorar e reorientar o bloco formado há duas décadas por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai. O próprio bloco ficou empacado, observou, porque a tendência ao fechamento comercial acabou prevalecendo. Ao participar, ontem, da primeira sessão plenária do Fórum Econômico Mundial sobre a América Latina, Macri enfatizou as oportunidades de mudança criadas pela instalação de novos governos nas duas maiores economias da região.
Para o presidente da Argentina, Mauricio Macri, acordo é chance para redefinir objetivos do Mercosul
Na reunião de hoje entre ministros do Mercosul e da Aliança do Pacífico, no Ministério de Relações Exteriores, deve ser assinado um documento com uma lista inicial de temas para discussão: 1) medidas para facilitação de comércio; 2) convergência de normas aduaneiras; 3) entendimento sobre regras de origem; 4) participação de pequenas e médias empresas.
O governo petista jamais aceitou as condições necessárias para um acordo entre o Mercosul e a Aliança do Pacífico, formada por Chile, Peru, Colômbia e México. Interrogado sobre o assunto em janeiro de 2014, na reunião anual do Fórum Mundial em Davos, o presidente mexicano Enrique Peña Nieto apontou o obstáculo mais importante: os membros do Mercosul eram muito mais fechados comercialmente. No mesmo dia, horas depois, a pergunta foi dirigida à presidente Dilma Rousseff. A resposta foi negativa. Não se poderia, segundo ela, entregar o grande mercado interno brasileiro. A noção de oportunidades e de ganhos de eficiência criados pelo comércio dificilmente aparecia, nessa época, no discurso diplomático brasileiro.
Parceiro. Os primeiros passos para a revitalização do Mercosul foram dados, segundo Macri, com as conversações entre os governos brasileiro e argentino para convergência de normas comerciais. Até o combate à corrupção no Brasil foi por ele apontado como importante para a integração regional. Sem mencionar pelo nome a Operação Lava Jato, ele classificou o esforço anticorrupção como “fundacional”. Nesse contexto, a palavra indica, em espanhol, um ato fundador, de importância institucional. Esse esforço, disse Macri, é importante também para a Argentina, porque o Brasil é seu principal parceiro comercial.
As negociações para facilitar o comércio bilateral – e, por extensão, intrabloco – prosseguiram nesta semana em Buenos Aires, com o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Marcos Pereira, chefiando a delegação do Brasil. Para o encontro entre representantes do Mercosul e da Aliança do Pacífico, marcado para esta sexta-feira, chegou ontem o chanceler Aloysio Nunes.
Ontem à tarde, uma sessão do Fórum foi dedicada especialmente à integração regional e às políticas comerciais. O chanceler chileno Heraldo Muñoz mencionou a redução da pobreza em seu país desde o começo da abertura comercial. O Chile, afirmou, tem acordos comerciais com mercados correspondentes a 90% do produto mundial. O ministro argentino da Produção, Francisco Cabrera, mostrou o contraste: o Mercosul tem acordos com menos de 10% do PIB global.
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