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Exportação sobe 18,7% no ano e superávit renova recorde - 03/10/2017

 

A balança comercial registrou mais um recorde ao alcançar um superávit de US$ 53,283 bilhões de janeiro a setembro. O resultado, puxado pela continuidade do crescimento da exportação mesmo com um real levemente mais valorizado em relação ao começo do ano, levou o governo a recalcular as projeções e estimar um superávit ainda maior que a expectativa atual de US$ 60 bilhões.

No ano, o ritmo de crescimento das exportações foi bem mais forte que o das exportações. Enquanto os embarques registraram alta de 18,7% (para US$ 139,4 bilhões) de janeiro a setembro, os desembarques subiram 8,5% (para US$ 103,2 bilhões). Segundo o secretário de Comércio Exterior do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic), Abrão Neto, o aumento das exportações é influenciado tanto pela melhora na quantidade exportada (crescimento de 5,9%) como no preço dos produtos (12,5%).

"Pelas exportações, verificamos crescimento não só do valor, mas também das quantidades exportadas, em todas as categorias de produtos, além de aumento no número de empresas exportadoras", disse Abrão.

O efeito do aumento de preços é visto principalmente no minério de ferro, que se valorizou 52,3% entre janeiro e setembro deste ano contra igual período do ano passado. Também registram alta contra um ano antes produtos como semimanufaturados de ferro e aço (33,8%) e açúcar bruto (20,2%).

Os produtos básicos foram justamente os que puxaram os números de exportação em setembro, com crescimento de 36,7%. Eles foram seguidos pelos manufaturados (como óleos combustíveis, tratores e automóveis), que cresceram 18%; e pelos semimanufaturados (como ferro fundido e madeira serrada), que cresceram 11%.

Apesar de ainda em patamares baixos em valores, as importações no ano estão em ritmo de recuperação ao registrar o décimo mês consecutivo de aumento em relação a um ano antes, o que indica retomada da atividade interna.

"É um indicativo positivo de recuperação da economia. Confirmaremos essa tendência nos próximos meses, mas é fato que a média diária de importações vem apresentando crescimentos nos três últimos trimestres", disse o secretário. No acumulado até setembro o crescimento nas compras foi puxado pelo aumento de 35,3% em combustíveis e lubrificantes. Também subiram, embora em ritmo menor, as compras de bens intermediários (11,4%) e bens de consumo (5,7%).

No mês de setembro, a importação veio em ritmo mais acelerado, com alta de 18% contra igual mês de 2016. Na comparação mensal interanual, foi a maior taxa de crescimento do ano. O maior ritmo dos desembarques, diz José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), está de acordo com a melhora das expectativas para economia tanto para o quarto trimestre como para 2018.

Mantidas as expectativas atuais, diz Castro, uma reação maior das importações deve se tornar mais clara em 2018, o que deve pressionar o superávit comercial para baixo no ano que vem. A corrente de comércio, porém, que dá o tom do dinamismo econômico, deve melhorar.

Rafael Cagnin, economista do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), destaca que a importação brasileira tem alta elasticidade com a atividade interna. "A importação responde rapidamente com a economia girando um pouco mais. O desempenho bom de alguns ramos industriais, como bens de consumo duráveis da linha marrom e branca, também contribuem bastante porque o volume de componentes e de insumos importados nesses segmentos é expressivo, o que puxa a importação de bens intermediários."

Por conta dessa elasticidade, o aumento das importações pode ser um sinalizador positivo, diz ele. "Mas há também o efeito do câmbio que pode fazer com que parte desse dinamismo escape para a importação." O problema, explica ele, não está somente no câmbio, mas na questão da competitividade. O que preocupa, diz Cagnin, é que a recuperação muito lenta da economia pode dificultar às empresas a incorporação de novas tecnologias, o que é um desafio não somente para melhorar como para manter a competitividade.

O Mdic chama atenção ainda para as compras de bens de capital por importadores brasileiros, que cresceram pelo segundo mês consecutivo. Após um crescimento de 6,6% em agosto, houve aumento de 34,5% em setembro, sempre na comparação interanual. "Pode indicar uma tendência de recuperação dessa linha de importações, muito relacionada a investimentos. Confirmaremos essa tendência nos próximos meses", ressaltou o secretário de Comércio Exterior.

Os dados também continuam mostrando uma melhora significativa na balança comercial de petróleo e derivados, que chegou a US$ 4,3 bilhões de janeiro a setembro. Um ano antes foi registrado déficit de US$ 446 milhões. Segundo Abrão Neto, os números são puxados pelo aumento de produção e também pela recuperação do preço da commodity (alta de 37,6%) contra um ano antes. Segundo ele, o saldo de petróleo e derivados também deve fechar o ano com superávit.

Apesar dos números positivos no acumulado do ano, os analistas do Itaú ressaltam que as exportações, que avançaram fortemente no início do ano, agora "se estabilizaram em patamar mais baixo, em linha com os preços internacionais de commodities menores". Os fortes saldos em 2017, diz relatório do banco, é garantido por importações ainda em patamar baixo.

 

Valor Econômico
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