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Estrangeiro aumenta participação em investimentos feitos no Brasil - 08/06/2017
BARUERI, SP, BRASIL, 21.11.2016 - Operários especializados entornam ferro derretido em altíssima temperatura em moldes para fazer peças de freio para trens na empresa Mic S/A Metalurgia Indústria e Comércio, que abastece os segmentos automobilístico e ferroviário, em Barueri, na Região Metropolitana de São Paulo (SP). Especiais - Fórum Desenvolvimento e Baixo Carbono (Foto: Eduardo Knapp/Folhapress)
 

Os investimentos produtivos na economia brasileira ainda não encontraram o fundo do poço, mas o cenário seria pior se não fosse o investidor estrangeiro.

Embora a taxa de investimento da economia esteja em queda há três anos consecutivos, com retração acumulada de 30% desde 2013, o investimento externo tem ganhado participação nesse bolo há pelo menos dois anos.

A fatia estrangeira no investimento agregado da economia brasileira —a chamada FBCF (Formação Bruta de Capital Fixo)— chegou a 18,6% no fim do primeiro trimestre deste ano, o maior nível desde dezembro de 2002, segundo levantamento da Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e Globalização (Sobeet), feito para a Folha.

O gigantismo do mercado interno, o câmbio mais favorável (que acaba reduzindo custos em dólar), a visão de longo prazo do investidor e até mesmo sua distância em relação aos problemas locais são, segundo especialistas, alguns motivos que explicam a resiliência do investimento externo nos últimos anos.

Luís Afonso Lima, diretor-presidente da Sobeet, ressalta ainda que os estrangeiros não enfrentam atualmente as restrições de crédito bancário e também do mercado de capitais encaradas pelas empresas brasileiras.

Outro ponto a favor dos estrangeiros é que eles se concentram em projetos em expansão, enquanto o grosso dos investimentos brasileiros tem ido para novos projetos, caso em que as turbulências se tornam um fator determinante a pesar na decisão.

Segundo a Sobeet, 60% dos recursos estrangeiros vindos para o país desde 2015 foram para investimentos em expansão (sem contar aquisições), enquanto apenas 24% foram direcionados para novas unidades.

Já entre os brasileiros, 48% das inversões feitas no período foram para novas fábricas, e uma fatia menor, de 26,7%, se voltou para investimentos em expansão. O restante, nos dois casos, foi para modernização de projetos.

"Por ser mais global, o estrangeiro pensa diferente", diz Lima. Em alguns casos, afirma, uma economia pode até se mostrar enfraquecida, mas pode ser vista pelo investidor externo como plataforma de exportação para um terceiro país.

No Brasil, país em que as dúvidas só aumentaram com as turbulências políticas mais recentes envolvendo o presidente Michel Temer e a delação da JBS, Lima ressalta que o investimento estrangeiro também sofre, mas menos do que o investimento local.

 

HESITAÇÃO

Essa maior hesitação também do estrangeiro com relação ao Brasil fica clara nos números divulgados nesta quarta-feira (7) pela Unctad, braço da Organização das Nações Unidas para assuntos de comércio e desenvolvimento.

O dados sobre fluxo estrangeiro mostram que o Brasil recebeu menos investimentos no ano passado.

Embora o país tenha subido da oitava para a sétima posição no ranking das economias que mais receberam investimento externo, o fluxo caiu 8% entre 2015 e 2016, de US$ 64 bilhões para US$ 59 bilhões. O país recebeu 3,4% do investimento estrangeiro global no ano passado.

Os números divulgados pelo Banco Central são bem mais fortes e apontam investimentos diretos no país ao redor de US$ 85 bilhões em 12 meses. Mas não são comparáveis com outros países.

Num exercício para aproximar os dados e que exclui alguns itens como repatriação de recursos de filiais de empresas brasileiras e reinvestimento de lucros de estrangeiras, Lima estima que os investimentos diretos no país estão crescendo.

Mas os US$ 60 bilhões atuais estão ainda abaixo dos US$ 65 bilhões registrados no pico entre 2011 e 2012.

"Ainda que menos sensíveis do que o local, o fluxo de investimento estrangeiro não está imune ao quadro de estagnação econômica e de forte indefinição política."

 

Folha de São Paulo
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